Kobane é uma das 3 maiores cidades de Rojava, a região na Síria recentemente autoproclamada autonoma pelos revolucionários de esquerda que defendem o municipalismo libertário, ou “confederalismo democrático”, como eles chamam a adaptação feita das teorias do Murray Bookchin.
No dia 27/01/2015 foi anunciado ao mundo a vitória da batalha de Kobane pela guerrilha curda de esquerda YPG/YPJ sobre os invasores Jihadistas do “Estado Islâmico”. Apesar de terem vencido esta batalha, a guerra esta longe do fim. A ofensiva Jihadista teve inicio em meados de setembro, atacando com um grande exercito fortemente armado. Apesar de serem bem treinados, os revolucionários Curdos se encontravam em desvantagem numérica e com armas antigas. Tendo feito esta analise de conjuntura, acertadamente os guerrilheiros anunciaram a população dos vilarejos e da cidade para evacuarem o local e irem para outras cidades. Amaioria da população, com muito medo dos Jihadistas, cruzou a fronteira com a Turquia e se refugiou nas cidades de maioria Curda, no entanto uma pequena parte da população civil permaneceu, demonstrando a confiança na força da guerrilha local. Nas primeiras semanas da ofensiva, os revolucionários perderam rapidamente terreno, fazendo vários recuos estratégicos, chegando ao ponto de ficarem apenas dentro da zona urbana e perderem um dos principais pontos estrategicos, “Misteneur Hill”, o topo do morro que pode ser visto de todos lugares da cidade.
Porém nunca deixaram a moral baixar, mesmo quando o restante do mundo apostou que Kobane sería tomada. O Primeiro Ministro da Turquia chegou a afirmar publicamente “Kobane irá cair” (bem que ele queria). Os Jihadistas chegaram a dominar mais da metade da área urbana em determinado momento, atacando por todos os lados. Foi quando a guerrilha local recebeu reforços de armas pesadas de seus vizinhos Curdos do Iraque. Numa situação de guerra como a deles, se alguem te cede armas, você aceita, independentemente da ideologia de seu fornecedor ser em desacordo com a sua. Como eles dizem, a luta deles é primeiramente para existir. Após o recebimento destas armas a balança de forças passou a estar favorável aos revolucionários: conheciam melhor o local, estavam bem treinados e coesos, igualaram a capacidade armada. As mortes desde o começo foram muito superiores do lado Jihadista e a partir desse momento elas subiram ainda mais. Aguerrilha local foi ganhando rua após rua, sem pressa para não cair em nenhuma armadilha.
Então, após 134 dias do inicio desta batalha, “Mistenur Hill” foi enfim liberada. Quando se retoma um ponto tão importante estrageticamente em uma batalha, significa que a vitória ddeve estar próxima. Foi o que de fato se confirmou, e a guerrilha YPG/YPJ liberou a cidade. Essa vitória foi uma grande demonstração de força, já que o “Estado Islâmico” nunca havia perdido uma grande ofensiva antes. No momento que escrevo este texto, os numeros dos mortos ainda não foram divulgados, mas a estimativa gira em torno de 1200 do lado Jihadista e 500 por parte da guerrilha de esquerda com aspirações libertárias.
Grandes expectativas giram em torno de quais serão os próximos passos da revolução social em Rojava:
– Como a cidade será reconstruída após a destruição causada pela guerra?
– A população civil irá voltar?
– O maior movimento social local, o TEVDEM (movimento de assembleias de base), ganhará ainda mais força ou os representantes eleitos para ocupar o conselho da federação de Rojava irão centralizar as decisões, burocratizando a revolução?
Os questionamentos são válidos, porém a esperança é inevitável.
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Por REDAÇÃO JBP
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